CANCIONEIRO
(ao estilo popular Nortenho)
JANEIRO
'Inda no campo tem nebe
ainda os regos bão cheios
e meu amor num m'iscrebe
pró ir ber num tenho meios...
FEVEREIRO
Diz-se que Febreiro seco
pelo ano faz a fome;
é cum'á mulher sozinha
que mirra por falta d'home!
MARÇO
Ai que rico o mês de Março
qu'a dormir sempre me acha;
tanto durmo como faço
e assim tudo s'incaixa...
ABRIL
Já lá bem as andorinhas
e as águas mil tamém
eu gosto do mês d'Abril
nele nasceu o meu bem.
MAIO
Já se monda, já se sacha
já se tira erba ruim
num tragas a bista baixa
lebanta os olhos pra mim...
JUNHO
Ó meu amor qu'alegria
eu ceifar à tua beira
qu'inté tenho a fantasia
de te ter à cabeceira...
JULHO
Ai que calor no meu peito
cando te bejo por perto
e se m'abraças a jeito
meu peito é um céu aberto.
AGOSTO
Sete estrelo rondador
amigo dos namorados
bê se trazes meu amor
qu'estou em muitos cuidados.
SETEMBRO
Já a fruta amadurou
já o milho está guardado
água o deu, água o lebou
e foi-se o meu cumbersado...
OUTUBRO
S'im Outubro seca tudo
eu quero um grande augaceiro
qu'o meu amor carrancudo
andou mudo o mês inteiro...
NOVEMBRO
Já a nebe s'adibinha
lá de serra chega o frio
tenho a lenha guardadinha
mas anda o amor badio.
DEZEMBRO
O qu'é que bou eu fazer
neste Natal, tão sozinha?
Sant'Antone, 'stás a ber
que grande tristeza a minha!...
Maria Mamede
(ao estilo popular Nortenho)
JANEIRO
'Inda no campo tem nebe
ainda os regos bão cheios
e meu amor num m'iscrebe
pró ir ber num tenho meios...
FEVEREIRO
Diz-se que Febreiro seco
pelo ano faz a fome;
é cum'á mulher sozinha
que mirra por falta d'home!
MARÇO
Ai que rico o mês de Março
qu'a dormir sempre me acha;
tanto durmo como faço
e assim tudo s'incaixa...
ABRIL
Já lá bem as andorinhas
e as águas mil tamém
eu gosto do mês d'Abril
nele nasceu o meu bem.
MAIO
Já se monda, já se sacha
já se tira erba ruim
num tragas a bista baixa
lebanta os olhos pra mim...
JUNHO
Ó meu amor qu'alegria
eu ceifar à tua beira
qu'inté tenho a fantasia
de te ter à cabeceira...
JULHO
Ai que calor no meu peito
cando te bejo por perto
e se m'abraças a jeito
meu peito é um céu aberto.
AGOSTO
Sete estrelo rondador
amigo dos namorados
bê se trazes meu amor
qu'estou em muitos cuidados.
SETEMBRO
Já a fruta amadurou
já o milho está guardado
água o deu, água o lebou
e foi-se o meu cumbersado...
OUTUBRO
S'im Outubro seca tudo
eu quero um grande augaceiro
qu'o meu amor carrancudo
andou mudo o mês inteiro...
NOVEMBRO
Já a nebe s'adibinha
lá de serra chega o frio
tenho a lenha guardadinha
mas anda o amor badio.
DEZEMBRO
O qu'é que bou eu fazer
neste Natal, tão sozinha?
Sant'Antone, 'stás a ber
que grande tristeza a minha!...
Maria Mamede
15 Comments:
Que bonito este cancioneiro...
Posso "roubá-lo" para mandar a uns amigos?
(por mail, claro, fazendo referência ao teu blogue)
Beijos
É claro Amiga; dá-o a quem quiseres!
Depois de publicado é d todos (as)
Fico feliz que conserves a autoria. Obrigada!
Beijos
Maria Mamede
Obrigada, Maria Mamede.
Nunca o passaria a outros sem colocar a autoria, como é evidente, pelo menos para nós.....
Obrigada e beijo
Que maravilha de imagens nos transmites através das palavras tão certas em seu sítio...
O que eu estado a perder...
Beijos
Não tem perdido nada Lumife!
Eu é que ganho com a sua vinda.
Obrigada.
Bj.
Maria Mamede
Lindíssimo , Maria!
Um cancioneiro que desconhecia.
Obrigada!
Beijinhos
Olá Isabel, boa tarde Amiga...
Sabes, às vezes da-me para estas coisas...
E como conheço bem os falares da minha gente, invento "cancioneiros" que de vez em quando ofereço aos Amigos (as).
Neste caso, ofereci-o a todos (as)...
Beijos linda!
Maria Mamede
É bom que estas quadras não se percam, porque nelas está guardada muito da sabedoria popular. Excelente ideia. Um beijo
Olá Gui, boa noite!
Obrigada pela sua visita.
Os "falares" são os da minha terra; as quadras são minhas, ao jeito dos cancioneiros que o Norte tem em grande número, variando de região para região, mas todos dentro do mesmo estilo. Como sou amante de falares e cantares do Norte (e especifico estes por serem os que melhor conheço), dentro dos estilos em que vou escrevendo, guardo também uma gavetinha para este tipo de quadras e crio os meus próprios Cancioneiros.
Abraço
Maria Mamede
Maria, ainda hoje se fala assim, no Norte que conheço... mais para o interior, nas zonas rurais, pelas pessoas mais antigas.
Tem o seu encanto, e ainda bem que pessoas como tu, registam em letra de forma esses falares.
E recordo Aquilino, de que ninguém fala.
Beijinhos
Olá Meg, boa noite; também na minha zona ainda muitos velhos e menos velhos falam assim...
e realmente para mim tem o seu encanto!
Parece que a meninice não foi embora...
Beijo Amiga e bom Domingo.
Maria Mamede
Há muito que não me ria tanto nem tão sinceramente.
Faz imenso bem à alma ler o teu cancioneiro, nestes dias tão pesados que vivemos.
Há uma BALENTE lufada de ar fresquinho e benfazejo que emana das tuas quadras.
És um génio, caraças!
Muitas beijocas.
Alcino (da Rosa)
Meus queridos Alcino e Rosa, que bom ver-vos por cá!
Obrigada...muito....
já sabes como fico com essas palavras vindas de vós!!!
Beijos e até já!
Maria Mamede
Pois não me tirou as quadras da ideia que tinha para os próximos dias?!...
Mas é claro que tanto faz um lado como outro: é sempre agradável reler!...
Abraço.
Que lindo o cancioneiro,que prazer de caminho de vida,que maravilha adoro beijinhos da Asor
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