XANGRILAH

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Location: Maia, "Dal Duero ata Lima", Portugal

Mulher para quem escrever Poesia é tão importante como respirar.

Thursday, June 01, 2006

SABORES


Sabe-me a pouco a cidade!
Sabe-me a vida demais
Sabe-me o peito a saudade
Doutras vidas ancestrais...

Sabe-me o tempo a fuligem
Das chaminés do passado
Sabe-me o rio a vertigem
De quantos se têm matado...

Por vezes o Douro sabe
A aventura, a viagem
E no coração nem cabe
A 'sprança que vem n'aragem...

Sabe-me a dor o Barredo
Sabe a iscas a Ribeira
E a Sé, sabe ao degredo
Duma vida marinheira...

Sabe o Bonfim ao pousio
Das terras por semear
E Lordelo ao bravio
Dos matos da beira mar...

Miragaia sabe à espera
Do sobe e desce do inverno
E Ramalde, nesta era
A poluição; um inferno...

Vale Formoso, sabe a flor
Campo Lindo, a oração
E a Lapa sabe ao penhor
De D.Pedro, o coração...

Vestiu de festa a cidade
Cheira a cidreira e a mosto
E mesmo em dificuldade
Traz alegria no rosto...

Sabe a cascatas velhinhas
Sardinha "pinga-no-pão"
E ao altar as Fontaínhas
Em noite de S. João!...



MARIA MAMEDE