XANGRILAH

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Location: Maia, "Dal Duero ata Lima", Portugal

Mulher para quem escrever Poesia é tão importante como respirar.

Saturday, July 21, 2007

COLAR DE CONCHAS


Tenho-te
colar de conchas
ao redor do meu pescoço
e na alma
onde um dia
te ergui
estátua!
Tenho-te e não és meu
apenas desejo
apenas sonho
nas incontáveis
certezas
que o sonho
pinta de verdade...
as cores
do horizonte que arde
são veias
e o sangue as papoilas
que a tarde incendeia...
tudo mais é violeta
na paisagem
na sombra que desce
na colcha de prata
que o rio estendeu...
mesmo assim
continuo a sentir-te
e a acariciar-te
colar de conchas
ao redor do pescoço!...

Maria Mamede

Tuesday, July 17, 2007

INTEMPORAL

Venho da lonjura dos caminhos
a desafiar passados...
venho da turba que passa
das ondas dos trigais
dos pés andarilhos
dos passos ritmados do tempo
que me empoeira de estrelas...
venho nos ventos
nas brisas murmurantes
nas auroras de luz
nos ocasos de cor
no olor das rosas...
e caminho
incessantemente
uma e outra vez
pelos córregos estreitos
dos peitos em dor...
venho por mim
e por ti
meu amor, meu irmão
enquanto puder ser
estrela guia
e ponte
atravessando abismos...
e há quantos passados te espero!
Há quantos futuros te anseio!
Venho
da lonjura dos caminhos
só para te pegar pela mão!...


Maria Mamede

Friday, July 06, 2007

NA TUA VIDA


Eu quero ser na tua vida um gesto!
A ternura dum beijo dado a medo
nem passeata, discurso ou manifesto
canção de ninar ou de protesto
um gesto, um simples gesto
ou um segredo!
Eu quero ser na tua vida, um ponto!
ponto de combustão, ponto do prumo
ponto cardeal ou contra ponto
o ponto final dum texto pronto
um ponto
partida ou chegada a qualquer rumo!
Eu quero na tua vida o nada!
Ausência total, coisa nenhuma
vazio absoluto, nada, nada
nada de porta aberta, escancarada
o nada
todo brisa, todo bruma!
Eu quero ser na tua vida cheiro!
Forte, que perturba, que inebria
mas não de poder ou de dinheiro
um cheiro de povo
um simples cheiro
de giesta de serra e maresia!...


Maria Mamede

(In "LUME")

Sunday, July 01, 2007

PASSADOS...


Era tão tarde o meu espanto
era tão dia o meu querer
era tão noite o quebranto
era tão forte o viver...

era tão sorte a medida
era tão doce o amor
era tão onda esta vida
e penedia esta dor;

era tão tempo perdido
era tão pranto o chorar
era tão sonho o vivido
era tão dor o esperar...

era garganta a secura
era tão água o amor
que era fome a loucura
e era sede esta dor!...

Maria Mamede